Carnavais vividos com alegria e luxo

Cada cidade lembra suas festas populares a seu modo, ou da maneira que as vivenciou. A Lapa foi palco de belas festas carnavalescas na sua maioria dentro de clubes, em salões repletos de fantasias, pares de namorados e grupos carnavalescos marcados pela alegria contagiante e pelo luxo de fantasias.
Algumas lembranças foram registradas por jornais, outras por lentes de fotógrafos como Guilherme Gluck ou do Foto Ideal e algumas na literatura. Nas lembranças da senhora Ondina Corrêa Pinto Lacerda, relatadas a Maria Thereza B. Lacerda, encontramos uma Lapa simples, alegre onde as fantasias não valiam pelo luxo, mas originalidade, externando o prazer da confecção caseira, no brincar ingenuamente o carnaval na década de 1920. Em sua memória captada em 1977 por Maria Thereza encontramos um relato emotivo dos bailes, dos desfiles e concursos de fantasias, as disputas entre as moças pelo primeiro lugar. O episodio sobre a fantasia “Pinheirinho de Natal” é hilário e ao mesmo tempo comove pela simplicidade com que a memória de Ondina registrou.
Nas imagens de Guilherme Gluck observamos um cuidado na confecção das fantasias dos blocos carnavalescos, o uso do cetim pelo brilho, as saias rodadas e coloridas. As mulheres sem muita maquiagem, apenas o saudoso ‘rouge’ e o ‘baton’, este marcado pelo vermelho intenso do momento efusivo do carnaval.
Não podemos comparar: cada época tem seus valores, suas preferências, suas idiossincrasias, contudo os antigos carnavais foram vividos com alegrias externadas com a naturalidade de um riso infantil. Hoje presenciamos um carnaval espetáculo. Vivemos o mundo do espetáculo. Tudo precisa ser mostrado. A questão é: O que precisa ser mostrado existe realmente?”
Obra citada:
– Passeando pelas Ruas da Lapa na década de vinte – Maria Thereza Brito Lacerda – sob entrevista de Ondina Corrêa Brito Lacerda – IPHAN – 1977.