Como proteger crianças da hepatite misteriosa que vem se espalhando pelo mundo

Autoridades sanitárias de dezenas de países estão intrigadas com os casos de hepatite aguda de origem desconhecida que têm afetado crianças e adolescentes. A doença já levou 348 pacientes pediátricos à emergência de hospitais em 20 países. Alguns deles precisaram de transplante de fígado. No Brasil, 17 diagnósticos estão sob investigação.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná divulgou três casos suspeitos, porém um já foi descartado. Outros dois diagnósticos, de meninos de 8 e 12 anos, continuam em apuração.
A principal característica em comum a todos os pacientes é que eles não apresentam infecção por nenhum dos cinco vírus causadores de hepatite nem tiveram exposição em comum a algum agente tóxico capaz de desencadear a doença.
Os principais sintomas registrados em hospitais de todo o mundo são icterícia (pele e parte branca dos olhos amareladas), que se dá pela incapacidade do fígado no processamento ideal de glóbulos vermelhos do sangue, e manifestações gastrointestinais, como dor abdominal, vômito, diarreia e náusea.
Outros sinais de doença aguda do fígado podem incluir:
- febre;
- cansaço;
- perda de apetite;
- dor abdominal;
- urina escura;
- fezes de cor clara;
- dor nas articulações.
Suspeitas da origem
As investigações epidemiológicas e laboratoriais sugerem que pode haver uma relação entre a hepatite e a infecção pelo adenovírus 41F, causador de gastroenterite em crianças, mas sem histórico de provocar lesões no fígado, segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos.
A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) no continente americano, esclarece que algumas infecções graves por adenovírus provocaram hepatite em pacientes imunocomprometidos ou transplantados, por exemplo.
“No entanto, essas crianças não correspondem a essa descrição – elas eram previamente saudáveis.”
A OMS ressalta que existem mais de 50 tipos de adenovírus que podem causar doenças em humanos e que o 41 geralmente provoca diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios.
“Fatores como aumento da suscetibilidade entre crianças pequenas após um nível mais baixo de circulação de adenovírus durante a pandemia de Covid-19, o potencial surgimento de um novo adenovírus, bem como a coinfecção por Sars-CoV-2, precisam ser mais investigados.”
Como é feito o tratamento?
Os pacientes que apresentem sintomas de hepatite, seja qual for a origem, devem ser tratados de forma a aliviar esses sintomas e deixá-los estáveis.
Uma dieta adequada e repouso podem ser suficientes em alguns casos. A maioria deles evolui sem complicações.
Todavia, em indivíduos com insuficiência hepática a única solução é o transplante de fígado.

Uso de máscara ajuda a prevenir infecções
Como proteger as crianças e adolescentes?
O desconhecimento que ainda existe acerca desse tipo de hepatite faz com que medidas de controle eficazes não possam ser estabelecidas, segundo o ECDC.
“Recomendamos, portanto, reforçar as boas práticas gerais de higiene (incluindo a higiene cuidadosa das mãos, a limpeza e a desinfecção de superfícies) em ambientes frequentados por crianças pequenas”, afirma o órgão.
A Opas sugere também medidas que protejam da infecção pelo adenovírus. O uso de máscara é uma delas, além da etiqueta respiratória (cobrir a boca ao tossir ou espirrar).
Como é algo ainda raro, o mais indicado por especialistas é que os pais observem os sintomas da doença e, ao suspeitarem de hepatite, procurem um serviço de saúde.