A difícil vida de vegetarianos e veganos na Lapa

Um estilo que exclui o consumo de carne por questões ambientais, de saúde e até pela paixão pelos animais. Ser vegetariano não é nada fácil em um mundo de carnívoros, onde para muitos o churrasco de domingo, o hambúrguer no lanche e o bife do almoço é uma tradição.
Mas, um dos maiores problemas que os vegetarianos enfrentam não é dentro de casa, e sim na rua. Quando eles precisam comer fora, achar um lugar que tenha comida de acordo com esse estilo, sem carne, é um problema, principalmente se estivermos falando de cidades “pequenas”, como a Lapa.
A professora Maria Reise conhece muito bem esse problema. “Quando me tornei vegetariana não sabia que iria ser tão complicado encontrar um local que disponibilizasse comidas para mim na Lapa, e confesso que até hoje estou a procura. Os restaurantes não têm variedades de escolhas, geralmente eu como apenas arroz com maionese, pois no feijão na maioria dos casos tem bacon”, conta.
Apesar das dificuldades, Maria segue esse estilo de vida vegetariano, e explica os motivos. “Sou vegetariana por uma causa que não envolve só a mim, mas os animais e o meio ambiente. A carne mal preparada é muito prejudicial à saúde e nós humanos somos completamente aptos a ficar sem ela. A carne contém substâncias como hormônios, pesticidas e antibióticos que são dados aos animais em cativeiro. Estas substâncias são 15 vezes mais concentradas na carne que nos alimentos vegetais”, afirmou.
Ela também questiona a morte dos animais para saciar o desejo por comer carne das pessoas. “Existe um abate “humanizado” que consiste em o animal entrar em uma superfície em forma de círculo e ficar com sua cabeça de fora. Nesse processo eles torcem o pescoço do animal até quebrar e matar. Nos EUA, a cada hora meio milhão de animais são abatidos”, conta.
Veganos
Se para os vegetarianos a falta de opção já é grande, para os veganos a situação é bem pior. Uma pessoa vegana não come carne e nenhum derivado de origem animal, como por exemplo ovo e leite. A estudante lapeana Ketlyn Camile Fuchs, enfrenta diariamente esse problema. “É praticamente impossível a um vegano comer em algum lugar aqui na Lapa. Em todo lugar as opções para os veganos se resumem em batatas fritas. E os restaurantes aqui raramente estão dispostos a trocar ingredientes, ou mesmo quando pergunto sobre o que foi usado para o preparo de algo não sabem passar a informação correta. Aliás, nunca vi um lugar aqui que oferecesse uma opção vegana, geralmente não conhecem nem o termo”, conta.
A estudante também afirma que os motivos para a escolha por esse estilo vão muito além de uma vida mais saudável. “Eu sempre gostei de animais. E para a maioria das pessoas comer carne e produtos de origem animal é tão natural, que ignoramos de onde essa comida vem. Quando comecei a refletir sobre estar comendo uma vida, se tornou impossível continuar. Se eu gosto de animais eu quero eles vivos, não poderia ser hipócrita, com isso fui conhecendo como a indústria de carne, ovos e leite funciona, as péssimas condições e torturas dos animais de produção em massa, então virei vegana”, explica.