Lapeana sonha em ser jogadora e luta contra o pouco incentivo para o futebol feminino

O país do futebol é também aquele que quase não apoia o futebol feminino. A realidade do esporte mais popular do mundo para as mulheres no Brasil é difícil. Na Lapa infelizmente não é diferente.
Atualmente, assim como os garotos, muitas meninas sonham em viver do futebol, se tornar uma jogadora e atuar em um grande clube. Mas, diferente do cenário encontrado pelos homens, para as meninas o incentivo, o apoio e a estrutura para que esse sonho seja realizado é muito pequeno, muita vezes quase nenhum.
Na Lapa uma garota tenta “lutar contra o sistema” e sonha em ser uma jogadora de futebol profissional, ser talvez a primeira lapeana a conseguir esse feito. Jheniffer Renata Hammerschmidt, de 16 anos, moradora na região de Mariental, se destacou nos últimos anos jogando futebol pelo Colégio Estadual Antônio Lacerda Braga.
Ela conta que começou a jogar desde muito pequena, sempre lutando contra o preconceito que as mulheres enfrentam neste esporte. “Jogo futebol desde sempre, desde pequena mesmo, jogava com meus primos, com minhas irmãs mais velhas que também jogavam. Mas, na escola sempre me chamavam de piazinho, pois eu era uma das únicas meninas que jogava bola com os meninos”, conta.
Apesar das críticas e preconceito, o amor pelo futebol só cresceu na lapeana, que com o tempo conheceu também pessoas que a incentivaram e a ajudaram a continuar sonhando com uma carreira profissional. “A minha sorte foi que no meu colégio tinha um professor que nos apoiava em tudo, sempre serei grata a ele. Muitas pessoas devem o conhecer, ele é o responsável pela maioria dos títulos que a Lapa já ganhou no futebol feminino, o professor Sandro, o “Sandrinho”. Hoje na Lapa a gente tem também o Juba, estudante de Educação Física e que faz um trabalho social com uma escolinha de futebol feminino na Cohapar. Ele é um cara que eu admiro por sempre dar o apoio para o futebol feminino”, diz Jheniffer.
Mas a garota também fala sobre a falta de campeonato de futebol feminino na Lapa. “Joguei alguns torneios ali no Feixo, em Balsa Nova. Mas é raro as vezes que eles fazem competições para mulheres aqui na Lapa e região. Acho que mais pessoas deveriam correr atrás disso, acho que o poder público deveria olhar mais para as atletas que a Lapa tem, deveria dar mais incentivo, procurar fazer torneios, campeonatos, procurar chamar a mulherada pra jogar. Várias pessoas julgam o futebol feminino como “fraco”, claro que é fraco pra eles, pois não dão visibilidade para o futebol feminino. Aqui na Lapa é assim, eles chamam as meninas pra jogar só quando vai ter campeonato masculino. Nunca fazem um campeonato só de meninas”. diz.
Sem campeonatos, quem sonha em ser jogadora aqui na Lapa precisa ir para fora. E é isso que Jheniffer está tentando no momento. A garota recentemente fez um teste e foi aprovada para começar a treinar no Santa Cruz, do Paraná. Um time de futebol feminino, com sede no bairro CIC em Curitiba, que começou em 2018 um projeto de futebol feminino, oferecendo para as meninas uma estrutura com campo, profissionais de educação física, e que participa de vários torneios de futebol feminino no estado. A lapeana chegou recentemente ao time e já é vista como uma atleta de futuro promissor dentro do Santa Cruz. “Meu maior sonho é me tornar uma jogadora profissional. Atualmente passei em uma seletiva do Santa Cruz, estou jogando no sub-17 com eles. Eles nos dão todo o apoio, faz pouco tempo que trabalho com eles mas a experiência que adquiri lá é imensa, eles são grandes incentivadores do futebol feminino”, conta a lapeana.
Porém, para continuar treinando semanalmente no clube a lapeana precisa de ajuda. Para buscar o sonho de ser profissional Jheniffer arca semanalmente com dinheiro para o transporte, material esportivo, alimentação além de outros gastos.
Para ajudar a atleta vários amigos dela estão fazendo uma campanha nas redes sociais, mostrando a história de Jheniffer e pedindo apoio a lapeanos que quiserem colaborar mensalmente com 5 ou 10 reais, com material esportivo ou quanto a pessoa puder doar.
Quem tiver interesse em ajudar Jheniffer pode entrar em contato com a garota pelo telefone: 41-9.8839-9598
“Um recado pras meninas aqui da Lapa e região, corram atrás, não desistam, uma hora por mais difícil que seja a gente consegue tudo o que almejamos! Alô galera o futebol feminino tem valor”, finaliza com esse recado a lapeana Jheniffer.