Páscoa é passagem

Judeus e cristãos celebramos nos próximos dias o ápice que sustenta a caminhada da fé: a Páscoa. Nossos pais na fé, os judeus, fazem a memória da passagem, e páscoa significa passagem: passagem de um tempo de escravidão para a libertação. Nós cristãos fazemos memória da passagem da morte, fruto da desobediência da pessoa humana à voz de Deus, à vida nova em Jesus Cristo Ressuscitado.
Ambos celebramos a passagem, a Páscoa. E para ambos a Páscoa não é apenas a lembrança de um fato acontecido, é uma realidade concreta que se atualiza no cotidiano, nas escolhas, no que falamos e no que fazemos.
Para muitas pessoas a Páscoa é apenas a oportunidade de um feriado prolongado, de trocar ovos de chocolate, ou simplesmente de relaxar. Para os judeus e cristãos a Páscoa é tempo de celebrar a fé e decidir viver segundo o amor do Deus único que nos liberta.
Os sinais externos desta festa são importantes: o encontro, a oração, a Palavra de Deus, a refeição, a troca de dons. Os sinais externos são importantes quando refletem a fé contida no coração e testemunhada na vida. Fé é dom, fé não se explica. Não sabemos explicar como Moisés conduziu, orientado por Deus, a passagem pelo Mar Vermelho, pelo deserto… Não sabemos explicar o exagero de amor de Jesus que doou a sua vida pela salvação de todos, até dos que lhe fizeram mal, e muito menos explicar a realidade da Ressurreição. Se as explicássemos não precisaríamos acreditar, pois deixaria de ser fé, e não necessitariam existir aqueles que creem.
A Páscoa é a passagem que se atualiza no “hoje” da vida. É a libertação integral da pessoa humana no “hoje” da existência humana. Concluo esta breve mensagem com uma oração inspirada no jovem de Assis e reescrita pelo Papa Francisco, convidando-nos a ressuscitar nas atitudes e nas palavras do cotidiano.
A mensagem foi composta para o 52º. dia mundial das comunicações sociais, a ser celebrada em 13 de maio próximo, e diz assim: Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão. Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos. Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs. Vós sois fiel e digno de confiança; fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo: onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta; onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia; onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza; onde houver exclusão, fazei que levemos partilha; onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros; onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança; onde houver agressividade, fazei que levemos respeito; onde houver falsidade, fazei que levemos verdade. Amém.
Caro leitor, na fé que você crê e testemunha, feliz páscoa!